Polícia
Enviado por Redação 25/7/2010 22:48:42
Familiares e amigos acompanharam o enterro no Cemitério São Miguel (Foto: Lucas Figueiredo) ::

Vítimas de incêndio são sepultadas em São Gonçalo

Medo impera na Nova Grécia

Um bairro sitiado pelo medo. Assim é a rotina de parte da comunidade da Nova Grécia, em São Gonçalo, alvo de ‘guerras’ entre traficantes de facções rivais e dos desastres naturais que culminaram em vários deslizamentos com as chuvas do mês de abril. A população vive tempo de apreensão, às margens da Rodovia Amaral Peixoto (RJ-104). A violência fez alguns moradores optarem pela saída do local, em busca de paz e tranquilidade.

No ponto mais alto do bairro, cerca de 10 residências foram abandonadas por seus proprietários. Destas, segundo a polícia, algumas serviram como esconderijo de traficantes e pontos de preparação de drogas.

Em uma das visitas da equipe de O SÃO GONÇALO ao local, uma pessoa, que preferiu não se identificar, contou que seu patrão, o proprietário de uma residência avaliada em torno de R$ 95 mil, costumava usar a casa para passar alguns finais de semana e temporadas. Com o aumento do índice de violência, nos últimos meses, o dono preferiu não correr o risco de ficar na casa. “O ‘patrão’ vinha praticamente todos os finais de semana. Agora, faz tempo que a gente só toma conta e ninguém aparece”, disse.

As autoridades confirmam que os moradores estão assustados desde o caos instaurado com a invasão de traficantes da facção Amigos dos Amigos (ADA) ao local e ao vizinho Novo México. O líder do tráfico no bairro, Alexandre Celestino da Silva, o Xandico, de 32 anos, foi preso no último dia 6. Apesar disso, de acordo com a polícia, as principais reclamações são de moradores antigos, geralmente idosos, acostumados com épocas de tranquilidade.

A Nova Grécia era conhecido por ser um bairro tranquilo, cercado pela vegetação e com residências coloniais, tempo em que São Gonçalo ainda recebia as primeiras famílias para habitar a cidade.

No início deste mês, militares do 7º BPM (São Gonçalo), a partir de uma investigação feita pelo Serviço de Inteligência (P-2), estiveram na parte alta da comunidade, depois de receberem denúncias de que pelo menos onze corpos teriam sido enterrados num matagal, em uma das áreas invadidas pelos bandidos. Uma ossada humana foi encontrada no local. Os restos mortais foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), em Tribobó.

O comandante do 7º BPM (Alcântara), tenente-coroenl Roberto Gil Alcântara, informou que a polícia vem mantendo operações de rotina no bairro para prender traficantes e apreender armas e drogas.

Recordando
A ‘guerra’ entre traficantes pelo controle das comunidades Novo México e Nova Grécia pode ser reflexo da implantação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) nas favelas das zonas Sul, Norte e Oeste do Rio, segundo a polícia.

Desde a instalação das UPPs, na busca por novos territórios, criminosos teriam migrado para os morros de Niterói e São Gonçalo. Já foram confirmadas as presenças de traficantes cariocas no Morro do Boa Vista, no Fonseca, em Niterói, que receberiam apoio do tráfico do Morro do Borel, da Zona Norte, e da Providência, que fica na Zona Portuária do Rio.

Além disso, outros bairros como Jardim Catarina e Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, e Ampliação, em Itaboraí, vêm servindo de abrigo para os refugiados cariocas, que saem de mais de 10 favelas das Zonas Norte, Sul, Oeste e centro do Rio.

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